No posto…

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Bem, eu já digitei algumas linhas sobre o tema há algum tempo, mas como o assunto é recorrente, vai, volta e nunca tem fim, pois sempre se repete, volto a comentar sobre o mesmo…

A coisa toda aconteceu num sábado desses, era um dia de sol, havia uma festa para ir, pedi dispensa do trabalho e ganhei a manhã daquele sábado de folga. Obviamente estiquei um pouco mais o sono, uma horinha a mais de sono não faz mal a ninguém não é mesmo? Levantei, tomei um café, comi alguma coisa, nada de mais, alguns biscoitos e me encaminhei para a garagem.

Lá estava meu velho amigo, companheiro de tantas idas e vindas, no descanso de seu lar. Entretanto, havia poeira sobre ele, naquela ocasião isso era inadmissível, tínhamos evento e precisávamos estar apresentáveis.

Sem demora arranjei um pano, escova, detergente e um balde. Em pouco tempo ele já estava fora da garagem levando água na lataria. Como não havia muito tempo eu precisava ser rápido, fiz o melhor que pude e o deixei apresentável.

Depois disso era eu quem precisava dar um trato no visual e lá fui eu pro chuveiro, fazer a barba, vestir a camisa, acertar o nó da gravata, passar um perfume, ficar apresentável (Obra essa que praticamente beira o impossível, mas a gente tenta né…).
Ok, tudo pronto e lá vamos nos para o casamento do amigo, estaciono o Maverick do lado da igreja, num lugar discreto e na sombra, pois naquele sábado o sol já pela manhã demonstrava que o dia seria de um verão digno das Arábias.

Após a missa, saímos da igreja e me dá o estalo de aproveitar até que o pessoal se organize para sair de ir abastecer o carro. Saio calmamente pelas ruas de trás e chego no posto, encosto no bomba, mas era a bomba de gasolina comum e eu queria dessa vez uma aditivada, só pra variar. Após acertar a bomba, desembarco e como de costume abro a tampa de combustível (nunca deixo ninguém fazer isso) e peço para completar.

Enquanto o pessoal do posto estranha minha indumentária, começa meu suplício: Chega um cidadão e puxa papo:

– O carro é teu?

– Sim é.

– Bah bonito o comodorão, onde comprou?

– Viu teu, não é comodoro, é um MAVERICK.

– Ah é mesmo, nem notei, desculpa, ta bonito ele, faz tempo que você tem?

– Nove anos.

– Poxa, é tempo e foi você que reformou?

– Não, foi o Chicão.

– Que Chicão?

– O Lazarini.

– Era o dono dele?

– Não, o cara que fez o serviço de restauração. (Nessa hora eu olhava para a bomba pedindo por favor para ir o mais rápido que pudesse…)

– Ficou bonito, mas bebe muito né, faz quanto por litro?

Sabe meu amigo leitor, nessas horas meu sangue de barata ferve, nessas horas eu cego, minha miopia vai a duzentos graus, nessas horas as coisas perdem o sentido. Eu não saio por aí pedindo informações, então por que raios um infeliz desse vem me pedir se o carro bebe muito? É da alçada dele saber disso? Ele vai comprar um? Ele vai me financiar a gasolina? Só Maverick bebe? Fusca, opala, dodge charger, L-200, veraneio não bebem?

Olho bem nos olhos do cara, respiro fundo, mordo os lábios, e então eu falo:

– Bebe pouco, está bem reguladinho.

– Mas faz quanto (insiste o infeliz desavisado e sem noção)

– Faz dois. (já com sangue nos olhos)

– Nossa só isso? Você vai se quebrar! (nessa hora é melhor vocês não imaginarem para onde eu mandei ele em pensamento)

– Pra mim tá muito bom assim e se eu não pudesse pagar a gasolina dele eu não saia de casa!

Viro as costas e saio dali. Por castigo ainda demorou mais um pouco para acabar de encher o tanque. Depois de todo o trabalho que tive para limpar ele, ajeitar tudo, estava indo tudo tão bem e do nada me aparece um infeliz desse…

Sabe, o Maverick me dá ótimas lembranças, várias alegrias, mas tem alguns percalços no caminho que são de azedar o dia de qualquer um antigomobilista.

Um FORD abraço.

Sabugo